Mikûatiamirĩ. Pequeno livro. Um convite para participarmos do reavivamento e valorização do tupi antigo presente na língua portuguesa falada, especialmente, a partir da experiência do povo potiguara do território Mendonça, Rio Grande do Norte. Ao longo de suas páginas, encontram-se palavras e expressões com explicações de sua origem no tupi antigo e de seus usos e significados atuais, sensibilizando-nos para a beleza e importância da diversidade de línguas e de culturas que formam a língua portuguesa. Além disso, este pequeno livro desperta-nos a curiosidade para se investigar outras palavras de origem indígena e também a presença de outras línguas, como aquelas de origem africana, no português brasileiro.

O trabalho de produção de Mikûatiamirĩ iniciou-se com um projeto de ensino (Anexo I), desenvolvido em uma turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA IV Período) da Escola Municipal Professora Alice Soares, comunidade do Amarelão (Anexo II), localizada no território Mendonça no município de João Câmara, Rio Grande do Norte. Foram realizadas pesquisas em sala de aula e na comunidade, consultando a memória – fonte oral de conhecimento referente aos apelidos e aos nomes de pessoas, de plantas e de animais de origem indígena (principalmente da família linguística tupi) presentes no território Mendonça (Açucena, Amarelão, Assentamento Santa Terezinha, Marajó e Serrote de São Bento).

Para a discussão e publicação deste material, bem como para o processo de formatação e divulgação a ele relacionados, contamos com a participação do projeto de extensão “Interação de saberes na sistematização e formatação de materiais didáticos produzidos por professores que atuam em escolas de comunidades indígenas do RN”, do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (Anexo 4). Nesse processo de interação e colaboração, valemo-nos também com a revisão do professor Eduardo Navarro da universidade de São Paulo (USP), onde é professor de Tupi Antigo e autor, dentre outras obras, do livro “O Método Moderno de Tupi Antigo”, uma das referências utilizadas na construção deste livreto. O Posfácio é de sua autoria. O reavivamento de línguas indígenas tem sido muito importante para o fortalecimento das identidades dos povos originários e da valorização da diversidade que nos constitui. Embasados em estudos linguísticos, históricos e antropológicos, temos buscado valorizar essa diversidade cultural existente no Brasil e participar da luta contra o constante genocídio dos povos indígenas, iniciado com a exploração e colonização europeia em 1500 e acentuado por violentas políticas públicas. Dentre essas políticas, podemos destacar a proibição do uso das línguas maternas e da língua geral no processo de institucionalização do português como língua oficial do Brasil (Diretório do Índio, lei elaborada pelo Marquês de Pombal e promulgada em 1757). Nos tempos atuais, enfrentamos os desrespeitos constitucionais praticados pelo governo brasileiro, representado pelo trigésimo oitavo presidente da república e seus aliados. Vale destacar que, segundo o último censo do IBGE (2010), existem e resistem mais de 897 mil indígenas, 305 etnias e 274 idiomas em solo brasileiro. Na região nordeste, apenas o povo Fulni-ô de Águas Belas, em Pernambuco, conseguiu manter viva sua língua materna. Outros povos adotaram os estudos sociolinguísticos e etno-históricos como formas de valorizarem suas identidades diferenciadas. No Rio Grande do Norte, os Potiguara do Catu (em Canguaretama e Goianinha) e os Potiguara Mendonça do Amarelão (em João Câmara) desenvolvem estudos linguísticos do idioma tupi em suas escolas e comunidades. O povo Tupinambá da Bahia e o povo Potiguara da Paraíba também são exemplos do atual processo de reavivamento de idiomas indígenas, além de outros povos que estudam e buscam reavivar seus idiomas, seja do tronco linguístico tupi, seja do macro jê ou de outro. Com o Mikûatiamirĩ, pretendemos, assim, sensibilizar outros povos e escolas indígenas acerca da importância da valorização do tupi na formação do português brasileiro. E almejamos também que ele possa chegar a muitas escolas da rede pública do estado do Rio Grande do Norte, não ficando restrito aos povos indígenas, de modo a contribuir assim com a valorização da diversidade linguística e cultural da nossa língua e, ao mesmo tempo, com a luta pelo direito à vida dos povos originários.

Diego Oliveira de Andrade et al.; organizado por Diego Oliveira de Andrade, Dioclécio Bezerra da Costa, Vânia Aparecida Costa

DescriçãoProdução
CategoriaLivro
TítuloMikuatiamiri
Edição/Volume-
Páginas90
Dimensão-
Peso-
Ano2021
LocalNatal
EditoraCaule de Papiro
ISBN 978-65-86643-32-9
Fotos-
Projeto GráficoLaiza Ferreira - Graduanda em Artes Visuais – CCHLA/UFRN
DiagramaçãoLaiza Ferreira - Graduanda em Artes Visuais – CCHLA/UFRN
Ilustração-
CapaMarjorie Amy Yamada, Vanessa Porto
Tradução-
Grafismo-

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Quadro Geral das Línguas Indígenas

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